O CPqD: Valorização, História e as Prioridades em Debate na Campanha Salarial 2025/2026

O Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq) vem a público responder à carta divulgada pela Fundação CPqD na sexta-feira, 12 de dezembro, dirigida aos trabalhadores e ao sindicato, na qual a gestão da instituição apresenta sua posição sobre o impasse na negociação do Acordo Coletivo de Trabalho 2025/2026. Consideramos necessário esclarecer pontos fundamentais e reafirmar a legitimidade da decisão tomada pelos trabalhadores em assembleia, bem como a responsabilidade da direção do CPqD na condução deste processo.

A proposta apresentada pela Fundação foi amplamente debatida em mesa de negociação e rejeitada pelos trabalhadores por não responder ao conjunto de insatisfações existentes, especialmente entre aqueles submetidos ao regime integralmente presencial. O sindicato alertou previamente a direção do CPqD de que a proposta, nos termos apresentados, não seria aprovada. Ainda assim, a gestão optou por mantê-la sem apresentar alternativas, desconsiderando o sentimento majoritário da categoria.

Causa preocupação a postura da direção ao tentar imputar ao sindicato a responsabilidade pela rejeição da proposta e ao questionar, de forma indireta, o resultado da assembleia. O SINTPq não cria descontentamento, ele o expressa. A assembleia é a instância máxima de deliberação dos trabalhadores, e seu resultado deve ser respeitado. Ao não reconhecer essa decisão, a gestão do CPqD contribui para o acirramento de tensões e para a divisão interna, o que é prejudicial à instituição e ao ambiente de trabalho.

É igualmente necessário esclarecer que os benefícios hoje existentes no CPqD não são concessões espontâneas da administração, mas conquistas históricas obtidas em campanhas salariais e negociações coletivas conduzidas ao longo de décadas. Apresentar esses direitos como evidência de valorização dissociada da luta dos trabalhadores distorce a realidade e ignora o papel central da organização sindical na construção dessas garantias.

A direção do CPqD afirma atuar com responsabilidade e sustentabilidade financeira, mas evita enfrentar contradições evidentes em suas próprias prioridades. Enquanto se recusa a avançar em uma reivindicação de impacto financeiro relativamente modesto para a valorização direta dos trabalhadores, realiza investimentos significativamente superior em processos de integração empresarial. Valorização de pessoas não pode ser tratada como ameaça à sustentabilidade, mas como parte essencial dela.

O sindicato também repudia qualquer tentativa de deslegitimar sua história e sua representatividade. O SINTPq possui uma trajetória de 35 anos indissociável da própria construção do CPqD, tendo atuado em momentos estruturantes da instituição, desde a consolidação de marcos legais até a regularização de vínculos de trabalho que garantiram direitos e estabilidade a centenas de profissionais. Questionar essa história é desrespeitar a memória institucional e o compromisso coletivo que sustenta o CPQD.

Reiteramos que o SINTPq sempre esteve e continuará aberto ao diálogo, mas a um diálogo efetivo, baseado em respeito, transparência e reconhecimento da vontade expressa pelos trabalhadores. Não aceitaremos estratégias que apostem na divisão da categoria como método de negociação, pois esse caminho fragiliza a instituição, deteriora relações internas e compromete a credibilidade do CPqD diante da sociedade e do governo federal.

A superação do impasse exige que a direção do CPqD reassuma sua responsabilidade na condução das negociações e retorne à mesa com disposição real para construir uma proposta que dialogue com a base, reconheça o valor do trabalho realizado e fortaleça a unidade interna. Valorizar os trabalhadores não é um obstáculo ao futuro do CPqD, é condição indispensável para que ele continue cumprindo sua missão estratégica para o país.

Pela valorização de cada pessoa trabalhadora que constrói o CPqD!

Pela unidade e pelo futuro que construímos juntos! 

Compartilhe esta carta com seus colegas de trabalho e ajude a fortalecer a unidade, a informação e a defesa dos direitos de quem constrói diariamente o CPqD.