Retirada da autarquização da pauta do Consu reforça pressão de trabalhadores e do SINTPq por debate transparente
Após mobilização conjunta, proposta de criar o HC-Unicamp é suspensa e sindicato defende abertura imediata de negociação para evitar precarização do trabalho e queda na qualidade do atendimento.
Por Israel Moreira

Foto: Divulgação / Unicamp
O SINTPq, em conjunto com trabalhadoras e trabalhadores da Funcamp, conquistou nesta terça feira, 2 de dezembro, a retirada de pauta no Conselho Universitário da Unicamp do projeto que autarquizaria os serviços de saúde da universidade, incluindo o Hospital de Clínicas (HC). A proposta criaria o HC-Unicamp sob gestão da Secretaria Estadual da Saúde, transferindo orçamento e administração do complexo hospitalar, enquanto a instituição manteria a responsabilidade acadêmica. A decisão de retirar o item de votação ocorreu após forte pressão sindical e mobilização da comunidade universitária, que denunciou a ausência de debate público e os riscos de precarização das relações de trabalho.
O SINTPq considera que mudanças dessa magnitude exigem debate amplo, técnico e transparente, com participação efetiva das trabalhadoras e dos trabalhadores que garantem diariamente o funcionamento do HC. A retirada do tema da pauta abre espaço para que esse diálogo possa finalmente ocorrer de forma adequada, corrigindo a condução adotada até agora pelo governo paulista e pela gestão da universidade. Para o sindicato, a prioridade é assegurar que qualquer reestruturação não resulte em perda de direitos, insegurança contratual ou redução da qualidade assistencial prestada à população.
A principal preocupação do SINTPq é a possibilidade de precarização do trabalho dos profissionais da saúde e de impactos diretos no atendimento oferecido pelo hospital. A minuta discutida no Consu não apresentou estudos de impacto, nem um plano concreto de transição, o que gerou insegurança para mais de 1.500 trabalhadoras e trabalhadores da Funcamp que atuam nas áreas assistenciais, de apoio e de manutenção do HC.
A seguir, o SINTPq encaminha para leitura integral a carta conjunta produzida pelos trabalhadores da Funcamp, documento que expressa os riscos identificados e reforça a necessidade urgente de construção de um processo democrático de negociação.
Preocupações e reivindicações dos trabalhadores da Funcamp diante do processo de autarquização do Hospital de Clínicas da Unicamp
À
Reitoria da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp
Ao Conselho Universitário – CONSU
Ao Excelentíssimo Governador do Estado de São Paulo, Sr. Tarcísio de Freitas
Às Senhoras e Senhores Deputadas(os) Estaduais da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – ALESP
Prezadas e Prezados,
Nós, trabalhadoras e trabalhadores da Funcamp que atuam no Hospital de Clínicas da Unicamp (HC), apresentamos por meio desta carta nossa posição e nossas preocupações quanto ao processo de autarquização do HC, atualmente conduzido sem diálogo adequado, sem transparência e sem apresentação de um plano concreto que assegure a manutenção dos vínculos, direitos e condições de trabalho dos mais de 1.500 profissionais da Funcamp que hoje sustentam o funcionamento cotidiano do hospital.
Ao longo de décadas, nosso trabalho tem sido determinante para garantir a continuidade, a qualidade e a eficiência dos serviços prestados à população. Somos responsáveis por áreas essenciais como assistência, enfermagem, atendimento, limpeza, manutenção, apoio administrativo, segurança e diversas atividades operacionais indispensáveis ao funcionamento do HC. Contudo, apesar de nossa relevância, estamos sendo mantidos à margem das discussões que definirão nosso próprio futuro.
As informações já divulgadas sobre os modelos de autarquização em debate indicam a possibilidade concreta de precarização e até demissão dos trabalhadores da Funcamp. Tal perspectiva nos causa profunda apreensão pelos seguintes motivos:
- Precarização das condições de trabalho
A precarização tende a ampliar a sobrecarga, reduzir equipes e comprometer o ambiente laboral, colocando em risco a saúde e a segurança dos trabalhadores. - Perda de direitos e insegurança financeira
A alteração de vínculo pode acarretar redução salarial, perda de benefícios e descontinuidade no tempo de serviço, gerando instabilidade para centenas de famílias. - Prejuízo à qualidade assistencial
A substituição de equipes experientes por contratos precarizados compromete a continuidade dos fluxos internos, impactando diretamente o atendimento à população. - Desvalorização dos trabalhadores que mantêm o HC em funcionamento
Apesar de sermos responsáveis pela execução diária das atividades essenciais do hospital, estamos sendo excluídos das mesas de negociação, o que evidencia um tratamento injusto e desrespeitoso.
Diante desse cenário, solicitamos formalmente:
- A abertura imediata de um canal oficial de diálogo, com participação direta e permanente dos trabalhadores da Funcamp nas discussões sobre a autarquização.
- A apresentação de um plano detalhado de transição, com garantias explícitas sobre:
manutenção dos empregos;
preservação de direitos, salários e benefícios;
reconhecimento do tempo de serviço;
condições de trabalho equivalentes ou superiores às atuais. - A suspensão de quaisquer decisões unilaterais enquanto não houver debate amplo, técnico, transparente e democrático.
- Que o governo estadual e o CONSU considerem a centralidade dos trabalhadores da Funcamp para o funcionamento do HC e a essencialidade de sua manutenção no quadro funcional do hospital autarquizado.
Nós trabalhadores da Funcamp que sustentamos o funcionamento diário do hospital, permanecemos sem garantias e sem voz no processo. Isso é incompatível com os princípios de justiça, responsabilidade social e compromisso público que devem nortear tanto a universidade quanto o Estado.
Por fim, reafirmamos nossa disposição para o diálogo e para a construção de soluções que preservem o interesse público, a qualidade do atendimento à população e a dignidade dos trabalhadores.
Atenciosamente,
Trabalhadores da Funcamp
SINTPq – Sindicato dos trabalhadores em pesquisa, ciência e tecnologia.
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