A proposta de reduzir a jornada de trabalho para quatro dias por semana, com três dias de folga, tem ganhado força no Brasil, impulsionada por debates sobre bem-estar, produtividade e justiça social. A chamada escala 4x3, defendida por sindicatos e organizações sociais, divide opiniões e promete acirrar a discussão sobre o futuro do trabalho no país.

Em entrevista ao podcast Sindicast, o diretor Pedro Martins, entrevistou o especialista José Dari Krein, docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Dari, especialista em Economia Social e do Trabalho, com doutorado e mestrado pela Unicamp e graduação em Filosofia pela PUC Paraná, defendeu a medida, argumentando que ela pode trazer benefícios tanto para os trabalhadores quanto para as empresas. "As experiências internacionais mostram que a redução da jornada de trabalho tende a impulsionar a produtividade", afirmou Krein. "As empresas acabam não perdendo com a redução, pelo contrário, podem até ganhar".

Krein ressaltou que a redução da jornada é uma forma de redistribuir os ganhos de produtividade e a riqueza gerada na sociedade, que historicamente têm sido apropriados pelos donos das empresas. "Está na hora da gente começar a reverter isso, todas essas inovações tecnológicas e o aumento da produtividade têm que ser revertidos em favor dos trabalhadores e da sociedade" disse o especialista.

A proposta, no entanto, enfrenta resistência de setores conservadores, que argumentam que a medida pode prejudicar a economia, aumentar os custos das empresas e dificultar a adaptação, especialmente das micro e pequenas empresas. Krein rebate esses argumentos, afirmando que eles são falaciosos e que a economia tem capacidade de se reorganizar para absorver a mudança, e cita exemplos de outros países que adotaram a redução da jornada.

O debate sobre a redução da jornada de trabalho deve continuar nos próximos anos, à medida que o mundo do trabalho passa por transformações cada vez mais rápidas. A forma como o Brasil irá lidar com essa questão terá um impacto significativo na vida de milhões de trabalhadores e na economia do país.

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