SINTPq destaca o samba na luta da classe trabalhadora
Desde sua origem o gênero tem sido um instrumento de resistência
Por Suelen Biason

Neste dia do nacional do Samba, o SINTPq destaca a profunda relação entre o gênero e a trajetória da classe trabalhadora brasileira. Desde sua origem, o samba tem sido um instrumento de resistência, identidade e denúncia social, expressando as realidades das periferias, dos morros e das comunidades que sustentam grande parte do país com seu trabalho.
Entre essas vozes está o professor Dovair Silva, trabalhador do IPT (Insituto de Pesquisas Tecnológicas) empresa da base do sindicato, sambista com 40 anos de história e responsável por ensinar voluntariamente o samba há nove anos em Taboão da Serra (SP). Ele afirma que o vínculo entre o ritmo e a vida dos trabalhadores é direto. “Acho o samba muito relacionado com as lutas dos trabalhadores. Mais do que um gênero musical, nós nos expressamos com nossa música e levamos a voz das comunidades para a rua.”
Segundo Dovair, o samba também enfrenta desafios estruturais que refletem desigualdades sociais. “Somos resistência, pois somos discriminados pela grande mídia, que tenta nos calar e não mostra a verdade do samba popular”, explica. Ele destaca que esse processo o atingiu desde o início da carreira. “Quando comecei, em 1980, o samba era discriminado e marginalizado. Sofri isso dentro da minha casa, meu pai não aprovava. Só minha mãe me apoiou e é graças a ela que sou sambista até hoje.”
A conexão com a classe trabalhadora também aparece nas letras e narrativas que compõem o samba. “Nossas músicas contam as histórias das periferias, dos morros e da discriminação que vivemos. No meu samba Do Alto do Morro, por exemplo, retrato a realidade de muita gente que acorda cedo e vai trabalhar”, afirma.
Para Dovair, o samba segue sendo alvo de tentativas de apagamento cultural. “Tentam apagar o samba original, que é uma forma de voz em defesa da nossa cultura”, diz. Ele lembra que o ritmo passou por processos de criminalização e preconceito, especialmente a partir das décadas de 1960, devido às suas raízes africanas e à força da expressão comunitária. “O samba sempre foi um ato de resistência cultural, assim como a vida dos trabalhadores. Por isso digo que as histórias se assemelham.”
O professor reforça que a arte permanece como um gesto de dignidade e luta. “Nós, os pobres e trabalhadores, somos a classe que usa a arte para expressar nossas lutas, mantendo nossa dignidade e obrigando a sociedade a reconhecer nosso movimento cultural.”
Ao celebrar o Dia do Samba, o SINTPq reconhece o papel dos trabalhadores que constroem e preservam essa expressão cultural. O samba segue como memória viva da resistência do povo brasileiro e da força de quem transforma sua realidade por meio da arte e do trabalho.











