Notícias | Tarcísio mantém política de sucateamento e entrega prédio histórico do IPT a Google

Tarcísio mantém política de sucateamento e entrega prédio histórico do IPT a Google

Iniciativa é um contraponto ao discurso oficial de desenvolvimento, sendo na verdade um ato de submissão aos interesses do capital estrangeiro e das grandes empresas de tecnologia

01/03/2024

 
 
O SINTPq manifesta preocupação com a entrada da Google no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Em meio ao cenário de sucateamento da instituição, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou com grande alarde, em uma solenidade realizada no Palácio dos Bandeirantes em 21 de fevereiro, a criação de um "centro de engenharia" da Google no campus do IPT.
 
Para o Sindicato dos Trabalhadores (SINTPq), essa parceria representa muito mais do que um simples acordo. A diretora do sindicato, Priscila Leal, denuncia que a iniciativa é um contraponto ao discurso oficial de desenvolvimento, sendo na verdade um ato de submissão aos interesses do capital estrangeiro e das grandes empresas de tecnologia.
 
O prédio escolhido para sediar o centro de engenharia da Google é o histórico edifício "Adriano Marchini", um marco na história da Cidade Universitária do Butantã e do próprio IPT. Priscila ressalta que esse prédio é parte fundamental do patrimônio histórico do instituto, tendo abrigado importantes laboratórios de pesquisa que contribuíram significativamente para o desenvolvimento industrial brasileiro.
 
No entanto, a reforma desse prédio para acomodar os interesses da Google levanta questionamentos sobre os verdadeiros benefícios para a instituição. A diretora do SINTPq aponta que o investimento anunciado pela Google não se reverte em melhorias para o IPT, mas segundo a própria diretoria do IPT na valorização imobiliária para a multinacional. Priscila Leal denuncia ainda que a transferência da biblioteca do IPT para outro local e a falta de infraestrutura para abrigar os supostos 400 funcionários da Google levantam sérias dúvidas sobre os reais impactos positivos desse acordo.
 
Além disso, a promessa de soluções inovadoras trazidas pela Google é contestada pelo sindicato, que argumenta que investimentos em Ciência e Tecnologia são prioritariamente financiados pelo Estado. A parceria com a Google, segundo o SINTPq, não apenas ignora essa premissa básica, mas também não se traduz em benefícios concretos para a instituição de pesquisa.
 
Enquanto o governo comemora a parceria como um avanço para o desenvolvimento tecnológico do estado, o SINTPq alerta para os reais interesses por trás desse acordo, que parece mais uma privatização disfarçada do instituto público de pesquisas. Com um histórico de décadas de sucateamento, o IPT agora enfrenta mais um capítulo de sua trajetória marcado pela submissão aos interesses privados, em detrimento do interesse público e do avanço científico e tecnológico do país.
 
A expectativa é que o centro de engenharia da Google comece a operar em 2026, mas para o SINTPq, essa data representa não apenas o início de uma nova fase para o IPT, mas também o aprofundamento de um processo de desmonte que ameaça a própria existência e relevância do instituto na cena científica e tecnológica nacional.
 
Também diretor do SINTPq, Regis Norberto Carvalho lembra que o instituto está prestes a completar 125 anos, mas sofre há décadas por um “processo de sucateamento promovidos pelos governos neoliberais”.
 
O espaço que já contou com mais de 1500 trabalhadores hoje tem menos da metade: 500. 
 
“É sempre uma dificuldade muito grande conseguir aprovação para realização de concurso público. O último grande concurso foi fruto de denúncia do Sindicato ao Ministério Público sobre a terceirização da atividade fim, e já se vai mais de uma década. Enquanto isso GESP entrega o IPT para iniciativa privada, sob o pretexto da lei paulista de inovação. O IPT vem abrigando diversas empresas em seu campus, inclusive uma universidade foi instalada lá. Agora é a vez da Google entrar pela porta da frente e ocupar um patrimônio histórico dentro do IPT”, afirma.