Reino Unido inicia testes com semana de quatro dias de trabalho
Estudo será iniciado em junho com a participação de 3.000 funcionários de cerca de 60 empresas
Desde janeiro deste ano, o SINTPq noticia que estudos reduzindo a semana de trabalho para quatro dias seriam feitos em junho, em empresas do Reino Unido, pela 4 Day Week Global Fundation, organização que financia pesquisas sobre redução de jornada de trabalho ao redor do mundo. De acordo com reportagem da Agência France Press (AFP), publicada no dia 29 de maio, o estudo será iniciado em junho com a participação de 3.000 funcionários de cerca de 60 empresas.
Anunciada como o maior projeto de redução de jornada do mundo, a iniciativa visa contribuir para a redução de horas de trabalho sem diminuição de salários. Ainda segundo a reportagem da AFP, testes parecidos já foram realizados em empresas da Islândia, Espanha, Estados Unidos e Canadá, sendo que outros estão programados para começar em agosto na Austrália e Nova Zelândia.
Alex Soojung-Kim Pang, diretor de projetos da 4 Day Week Global, diz que período de seis meses no Reino Unido beneficiará as empresas com mais tempo para experimentar e coletar dados. A adaptação deve ser mais fácil para as pequenas e médias empresas, que podem implementar grandes mudanças mais rapidamente, disse ele à AFP.
Para a cervejaria Pressure Drop, empresa que participa do estudo, o objetivo é aumentar a produtividade e o bem-estar dos funcionários, ajudando a reduzir a pegada de carbono da empresa. A expectativa é de que uma semana de trabalho mais curta possa atrair novos funcionários e reter os melhores no Reino Unido, onde o desemprego está em seu nível mais baixo em quase 50 anos, com um número recorde de vagas: 1,3 milhão, acima do número de candidatos.
Produtividade
A reportagem da AFP traz ainda a contribuição de Aidan Harper, coautor de um livro que promove a semana de trabalho de quatro dias ("The Case for a Four Day Week"). Segundo Harper, países que trabalham menos tendem a ter maior produtividade. "Dinamarca, Suécia e Holanda trabalham menos que o Reino Unido e têm altos níveis de produtividade", destaca. Já a Grécia é um dos países da Europa com mais horas de trabalho, porém com baixa produtividade, segundo ele.
Phil McParlane, da empresa de recrutamento 4dayweek.io, especializada em jornadas flexíveis e quatro dias por semana, diz que o número de empresas que pretendem contratar através da sua plataforma passou de 30 para 120 nos últimos dois anos, refletindo a aumento da flexibilização do trabalho e busca por melhor qualidade de vida após dois anos da pandemia.
SINTPq
Na visão do sindicato, a redução de jornada não deve ser uma discussão exclusiva dos países ricos. Justamente por isso, o SINTPq está pautando a redução em todas as assembleias de formação de pauta realizadas neste ano. Dados e atualizações sobre o tema estão sendo apresentados nas reuniões com os trabalhadores, que estão reagindo positivamente e concordando com a reivindicação de 35h semanais de trabalho.
O presidente do SINTPq, José Paulo Porsani, defende redução da jornada de trabalho para que os trabalhadores e trabalhadoras também sejam beneficiados pelo aumento de sua produtividade. “Com o avanço das tecnologias, não há dúvidas de que produzimos mais em menos tempo. A questão é que o capital sempre se apropria do avanço tecnológico para ampliar o acúmulo financeiro. Está mais do que na hora de os trabalhadores também desfrutarem desse avanço reduzindo suas jornadas”, afirma.
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